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Capítulo 4
No fundo do poço!
Quando por fim se recompôs, tomou um susto danado, pois se encontrava dentro de um buraco pelo menos três vezes mais alto que sua própria estatura. Fez de tudo para escalar até a superfície, mas o buraco que escavara distraída e empenhadamente era profundo o bastante para impedi-lo de chegar lá em cima sem ajuda.
Trabalhara tão absorto em seus objetivos de riqueza que nem se dera conta da profundidade do abismo que estava cavando. E de súbito, tão logo voltou a si, recompondo-se de extraordinário deslumbre incontido, eis que se encontrava literalmente, no fundo do poço.
A alegria inicial começou a transformar-se em medo, pois a noite já estava próxima e o céu escurecido denunciava um temporal que se aproximava rapidamente.
As nuvens negras e pesadas, iluminadas pelos raios ofuscantes que cortavam violentamente os céus, não deixavam dúvidas da tempestade que chegava. Os trovões seguidos tornavam tudo muito mais aterrador.
Pensou em gritar o mais alto que pudesse, mas de que adiantaria? Encontrava-se isolado no fim do mundo, e seu companheiro o deixara sozinho.
Meu Deus, o que fazer? Ele começou a rezar.
Depois de alguns minutos de aflita reflexão, respirou fundo e chegou à conclusão que a situação não era tão desesperadora quanto parecia. Afinal, estava com a pá e a enxada. Era só começar a cavar a parede vertical de modo inclinado e o problema seria resolvido. Sim, logo estaria fora daquele buraco. Só que agora, podre de rico.
Riu do próprio desespero que o afligira. E com pensamento positivo em mente, começou a escavar a parede na tentativa de criar degraus. Quanto mais o barro escavado ficava sob seus pés, mais elevava sua posição em relação à superfície. E ele continuou, cada vez com mais vontade.
Mas a chuva teve início, deixando tudo mais complicado, pois o barro sob seus pés começou a se transformar em lama. E a lama o absorvia perigosamente.
Após um instante de desespero, ele chegou à conclusão que ao invés da chuva ser um problema, seria na verdade sua salvação, pois ela encheria o buraco com água, ajudando-o a sair de dentro. Bastava que ele simplesmente permanecesse flutuando enquanto a água subia em volume.