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A Maldição do Barbatão Negro - CAPÍTULO 1
A Maldição do Barbatão Negro - CAPÍTULO 1

NOTA AO LEITOR: PARA SUA TOTAL COMODIDADE, ESTE LIVRO PODE SER LIDO NA ÍNTEGRA POR VOZ NEURAL SINTÉTICA, BASTA VOCÊ CLICAR NO BOTÃO LOCALIZADO AO FINAL DESTA PÁGINA! 

  

 

CAPÍTULO 1
A CIGANA


Esse fato não corriqueiro (desnatural )
Aconteceu há muitos anos atrás
Na “terra dos altos coqueiros,
De belezas soberbo estendal”,
Onde a grande riqueza voraz dos canaviais
Aguçava a cobiça e produzia o bem e o mal


Tudo começou com uma morena
Linda e fina qual uma flor
E um jovem rico e destemido
Mas que ainda não conhecia
Os doces mistérios do amor
No calor de uma noite fria.


Maria, inocente, nem percebia
O poder de sua incrível lindeza,
Que desde muito cedo ainda,
Deixava os homens a suspirar.
E não foram poucos os enamorados
Que se inclinaram a seus pés a penar.


Certa vez, durante uma viagem
À cidade de Juazeiro, na Bahia,
Que fica d’outro lado do rio,
Uma velha cigana esfarrapada,
Ao ler sua mão delicada, previu
Pro seu futuro uma grande cilada.


Falou-lhe sobre uma figura negra
E a maldição sob o pé de juá.
Não adiantaria fugir ou se esquivar,
Pois dois iguais somar-se-iam três
E um quarto tardaria, mas ia chegar.
Maria, tremendo, saiu correndo a chorar.

Ao dobrar uma esquina perto do rio,
Deu de cara com um garanhão negro
Que vinha garboso a trotar.
Antes de ir ao chão, assustada,
O cavaleiro sorriu, apeando num salto
Para apanhá-la ainda em pleno ar.


Quando seus olhos se encontraram,
Em ambos faltou o próprio ar.
A donzela tremeu diante da emoção,
O vaqueiro nem sabia o que falar.
Ambos foram atacados pela paixão
Que não avisa quando vai chegar.


O varão era José Caciano Manoel Xavier,
De rica família do sertão pernambucano.
Domador de boi valente e cavalo brabo,
O rapaz era bruto qual um espartano.
Já matara até onça a machado
E era mais cantado que o canto gregoriano.

Valente e habituado a domar gado,
Subitamente ele se sentiu ser domado
Por um par de olhos negros e brilhantes.
Suas pernas bambas pareciam cambalear,
Seu coração batia descontrolado
Diante de suaves odores inebriantes.


O casamento logo aconteceu
E em breve viriam lindos gêmeos
Para coroar aquele grande amor.
Afinal, como declama o verso do poeta:
“A vida é feita de agruras
E o amor é feito de dor.”


O tempo passava com pressa,
Enquanto o casal desfrutava
De prosperidade e felicidade.
Não demorou mais de três anos
E José ampliou os seus domínios
Que o pai lhe dera como propriedade.

¹ Em meados do fim do Século XIX para início do Século XX, Pedro Mergello (ou: Mergelo), meu bisavô, ganhou fama como destemido matador de onças. Detalhe: ele só usava como arma, um machado; como auxiliar, sua cachorrinha de nome Baleia. Ironicamente Baleia foi morta por uma onça, pouco depois de haver heroicamente salvado seu senhor, quando duma investida furiosa da fera que deixara Pedro Mergello acuado e sem chance de escapatória. (Veja o livro “A Hora do Matador de Onças”)