Pedro Mergello é um conhecido caçador que ficou notório por matar onças. Um dia ele é contratado por um fazendeiro para eliminar uma onça que está dizimando seu rebanho. Com sua cadelinha Baleia, Pedro Mergello se confrontará com uma fera que tornará sua vida um inferno. No momento fatal, sua cadelinha será a diferença entre sua vida e sua morte.
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PESO | 0,081081 kg |
DIMENSÕES | 21 × 29,7 × 0,18 cm |
EDITORA | UICLAP |
Nº PÁGINAS | 16 |
TAMANHO | 21 x 29,7 cm |
CAPA | Fosco, SEM orelha |
IMPRESSÃO | Preto e Branco (Papel Offset) |
FAIXA ETÁRIA RECOMENDADA | Sem Classificação | Livre |
DATA DA PUBLICAÇÃO | 14/01/2022 |
AUTOR (A) | Nyll Mergello |
TITULO ORIGINAL | A Hora do Matador de Onças |
NOTA AO LEITOR: PARA SUA TOTAL COMODIDADE, ESTE LIVRO PODE SER LIDO NA ÍNTEGRA POR VOZ NEURAL SINTÉTICA, BASTA VOCÊ CLICAR NO BOTÃO LOCALIZADO AO FINAL DESTA PÁGINA!
PARTE 1
Pedro Mergello e Baleia
No estado de Pernambuco
Havia um cabra afamado
Que desconhecia o medo
E matava onça a machado.
Seu nome era Pedro Mergello
(Caboclo bom e respeitado).
Sua história é verdadeira,
Mui fiel é o seu legado.
Já faz bem mais de cem anos,
Mas o fato ainda é lembrado.
Pedro Tinha uma cadelinha cotó
Que atendia pelo nome Baleia.
Pequenina, fiel e valente, não tinha dó
Dizem que a bichinha era pêia.
Amiga dedicada pra toda hora
– Debaixo d’água ou no fogo –,
Na alegria ou mesmo na tristeza.
Afinal, como reza o ditado do povo,
“Melhor um cachorro amigo
Do que um amigo cachorro.”
PARTE 2
UMA PREDADORA EM AÇÃO
Certo dia, um desiludido fazendeiro
Contratou Pedro Mergello
Para matar uma onça terrível
Que estava causando um flagelo,
Dizimando o seu precioso rebanho
E fazendo um estrago danado.
Na região, espalhava o terror
Devorando todo o gado.
Pedro aceitou a incumbência
E amolou bem o seu precioso machado.
PARTE 3
A trilha da EMBOSCADA
Depois de estudar a trilha
Por onde a onça passava,
Pedro armou a sua rede
Quando a noite já despontava.
Acendeu um fogo do lado
Para preparar um bom café torrado,
Enquanto Baleia contemplava
Seu senhor e amigo, homem de fé.
Coitadinha, nem sonhava
O quão covarde a morte é
Lá pras tantas da noitinha,
Baleia, sobressaltada, ficou alerta
E disparou logo a latir alvoroçada,
Pois a danadinha era mesmo esperta.
Pedro Mergello, sem pressa de partir,
Pensou com a calma de quem tem fé:
“Vem, bichinha, vem [pra mim]...”
E da rede, sem pressa pra ficar de pé,
Agarrou então o seu machado
E terminou de tomar o seu café.
PARTE 4
A HORA DO MATADOR
Ao terminar, suspirou e adentrou a mata
Seguindo na trilha felídea do som
Os latidos ecoavam, vindo de longe
– Era o próprio som do armagedom.
Quando chegou ao local procurado,
Pedro levou um susto danado,
Pois a onça era um colosso,
Sendo que o monstro estava sentado
Indiferente e muito confiante,
Como dona do osso a balançar o rabo.
O caboclo não quis perder tempo,
Pois isso era arriscar-se um bocado.
Aproveitando a onça entretida
Com Baleia e seu latido esganiçado
- Era o momento mais propício
(A fera estava concentrada em seu malefício)
Então o homem aprumou bem o machado,
Mas de repente o felídeo percebeu e rugiu
Dando uma súbita patada no pobre diabo
Que não viu nem o resquício.
PARTE 5
O HEROÍSMO DE BALEIA
O machado voou não se sabe pra onde.
Pedro, num baque violentíssimo,
Caiu em cheio por terra,
Tonto e meio desorientado.
A onça saltou sobre ele,
Pronta e decidida a devorá-lo.
Mas a cachorrinha Baleia,
Valente e no intento de salvá-lo,
Mordia o rabo da fera tão incomodada
Que adiou a ideia de matá-lo
PARTE 6
O SACRIFÍCIO DE BALEIA
Baleia se embrenhou na mata
Tentando escapulir da iminente morte.
A onça correu em seu encalço,
Louca pra decidir sua sorte.
Talvez pensasse: “Maldita cadela!
Agora é uma questão de honraria!
Depois eu devoro o homem,
Pois sou muito mais forte.”
A noite era sinistra e sombria,
Digna da morte que vinha em grande porte.
Dominado por um ódio de orgulho indomado,
O homem tateava pelo chão,
Sentindo-se de fato muito humilhado.
Tentando a esmo localizar seu machado
– Ele inalara o próprio hálito da morte
E perdera a força até para respirar.
Por apenas um triz não virara comida
Devorado pela onça em seu jantar.
Mas se todo homem decide sua hora,
A de Pedro Mergello ainda haveria de chegar.
O machado enfim foi encontrado.
Então sem perder tempo, ele se embrenhou na mata.
(“O destino do homem é ele quem faz”)
Ao longe se ouvia os latidos de Baleia
Que demonstrava fúria voraz.
Pedro, insano, virara um animal
Com pouca diferença de uma fera.
Corria rumo a uma luta mortal
E nem sentia os pés sobre a terra.
Perdera a noção humana ou de quem era.
Seguindo o som que se expandia na noite,
Pedro corria veloz contra o tempo.
De repente, um abrupto silêncio
Ficou um tanto quanto agourento.
Não demorou muito e ele pôde ver
Que a onça enorme estava abaixada
Sobre a cachorrinha imobilizada e sem alento,
Sob o poder da fera, esmagada
Como o vento, Pedro avançou com seu machado,
Tendo como intento a fronte da esfomeada.
PARTE 7
A hora da fera
Ao percebê-lo, a onça tentou revidar,
Mas tombou diante do aço profano
Que em sua testa foi penetrar.
O bicho caiu num espasmo insano,
Enquanto o homem - humano tirano,
Numa atitude selvagem e inclemente
(Igual carniceiro demente e inumano),
Golpeou novamente para acabar de matar,
Pois ele ansiava socorrer sua amiga Baleia
(Quem sabe ainda estivesse a respirar?)
PARTE 8
O pranto do matador de feras
Morrendo de dó e pesada exaustão,
O sertanejo, cheio de lágrimas no olhar,
Arfando de cansaço e dor no coração,
Ajoelhou-se no chão cheio de penar.
Constatando a morte da cachorrinha,
Mas ainda incrédulo – sem acreditar –,
Começou a chorar sem cessar,
Pois perdera sua fiel amiga querida.
Ora, Pedro nunca havia chorado por ninguém,
E eis ele ali, chorando pela cadelinha amiga.
PARTE 9
Apresentações finais
Quem serviu como fonte dessa história original,
Foi ninguém menos que o neto daquele meu ancestral.
Seu nome, José Sebastião da Silva Mergello,
Carpinteiro talentoso com o martelo
E genro de Caciano Manoel de Souza
(Um ex-jagunço infernal,
Homem que desprezava cabras frouxos
E botava até polícia na horizontal,
E na defesa de sua honra inata
Era um verdadeiro galo na defesa de seu quintal)
Se Pedro Mergello era caboclo selvagem qual animal
Seu neto era um grande profissional
Carpinteiro forte de caráter mental
Homem paterno e de sabedoria natural
Desses que se não estão bem,
nunca dizem que estão mal.
Pois é macho que balança mas não cai.
E se Pedro¹ é tão seu quanto meu ancestral,
Então José Sebastião da Silva Mergello²
só pode mesmo ser o meu amado pai.
Meus pais, o sr. José Sebastião e D. Maria do Socorro
Nota
Não se sabe a data específica do nascimento de Pedro Mergello.
No entanto, tomando-se como base sua idade aproximada por volta
de seu falecimento em meados de 1943, aos cerca de 80 anos,
conclui-se que ele tenha nascido por volta de 1863.
Pedro Mergelloteve uma vida intensa, vindo a falecer em paz.
Seu nome foi sem sombra de dúvidas, uma homenagem de seuspais,
Francisco Mergello (o Chico) e Dona Ana, aos Imperadores
D. Pedro I ou D. Pedro II,haja vista o nascimento de Chico Mergello
ter ocorrido por volta de 1831,ano da abdicação de D. Pedro I,
sendo que o Príncipe Herdeiro tinha apenascinco anos de idade à época,
portanto pouco mais velho que Chico Mergello.
Quando Pedro nasceu, D. Pedro II já reinava há mais de
duas décadas e a monarquia brasileira cairia sob a
República em cerca de 26 anos. No ínterim,
a homenagem se estenderia também ao filho de Pedro Mergello,
Sebastião Pedro (1906 –1979), meu avô.
² José Sebastião da Silva Mergello (meu pai) faleceu no último
dia 08 de outubro de 2020, quatro meses e doze dias
após completar 89 anos de uma vida digna e de batalha.
José Sebastião da Silva Mergello
Nascimento: 27 de maio de 1931
Local: Crato, Ceará, Brasil
Falecimento: 08 de outubro de 2020
Local: Tacaratu, Pernambuco, Brasil